sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Sala De Espera

Luís Fernando Veríssimo

Sala de espera de dentista. Homem dos seus quarenta anos. Mulher jovem e bonita. Ela folheia uma Cruzeiro de 1950. Ele finge que lê uma Vida dentária.


Ele pensa: que mulherão. Que pernas. Coisa rara, ver pernas hoje em dia. Anda todo mundo de jeans. Voltamos à época em que o máximo era espiar um tornozelo. Sempre fui um homem de pernas. Pernas com meias. Meias de náilon. Como eu sou antigo. Bom era o barulhinho. Suish-suish. Elas cruzavam as pernas e fazia suish-suish. Eu era doido por um suish-suish.


Ela pensa: cara engraçado. Lendo a revista de cabeça para baixo.


Ele: te arranco a roupa e te beijo toda. Começando pelo pé. Que cena. A enfermeira abre a porta e nos encontra nus sobre o carpete, eu beijando o pé. O que é isso?! Não é o que a senhora está pensando. É que entrou um cisco no olho desta moça e eu estou tentando tirar. Mas o olho é na outra ponta! Eu ia chegar lá. Eu ia chegar lá.


Ela: ele está olhando as minhas pernas por baixo da revista. Vou descruzar as pernas e cruzar de novo. Só para ele aprender.


Ele: ela descruzou e cruzou de novo! Ai meu Deus. Foi pra me matar. Ela sabe que eu estou olhando. Também, a revista está de cabeça pra baixo. E agora? Vou ter que dizer alguma coisa.


Ela: ele até que é simpático, coitado. Grisalho. Distinto. Vai dizer alguma coisa...


Ele: o que é que eu digo? Tenho que fazer alguma referência à revista virada. Não posso deixar que ela me considere um bobo. Não sou um adolescente. Finjo que examino a revista mais de perto, depois digo "Sabe que só agora me dei conta de que estava lendo essa revista de cabeça para baixo? Pensei que fosse em russo." Aí ela ri e eu digo "E essa sua Cruzeiro? Tão antiga que deve estar impressa em pergaminho, é ou não é? Deve ter desenhos infantis do Millôr." Aí riremos os dois, civilizadamente. Falaremos nas eleições e na vida em geral. Afinal, somos duas pessoas normais, reunidas por circunstância numa sala de espera. Conversaremos cordialmente. Aí eu dou um pulo e arranco toda a roupa dela.


Ela: ele vai falar ou não? É do tipo tímido. Vai dizer que tempo, né? A senhora não acha? É do tipo que pergunta "Senhora ou senhorita?" Até que seria diferente. Hoje em dia a maioria já entra rachando... Vamos variar de posição, boneca? Mas espere, nós ainda nem nos conhecemos, não fizemos amor em posição nenhuma! É que eu odeio as preliminares. Esse é diferente. Distinto. Respeitador.


Ele: digo o quê? Tem um assunto óbvio. Estamos os dois esperando a vez num dentista. Já temos alguma coisa em comum. Primeira consulta? Não, não. Sou cliente antiga. Estou no meio do tratamento. Canal? É. E o senhor? Fazendo meu check-up anual. Acho que estou com uma cárie aqui atrás. Quer ver? Com esta luz não sei se... Vamos para o meu apartamento. Lá a luz é melhor. Ou então ela diz pobrezinho, como você deve estar sofrendo. Vem aqui e encosta a cabecinha no meu ombro, vem. Eu dou um beijinho e passa. Olhe, acho que um beijo por fora não adianta. Está doendo muito. Quem sabe com a sua língua...


Ela: ele desistiu de falar. Gosto de homens tímidos. Maduros e tímidos. Ele está se abanando com a revista. Vai falar do tempo. Calor, né? Aí eu digo "É verão". E ele: "É exatamente isso! Como você é perspicaz. Estou com vontade de sair daqui e tomar um chope". "Nem me fale em chope." "Você não gosta de chope?" "Não, é que qualquer coisa gelada me dói a obturação". "Ah, então você está aqui para consultar o dentista, como eu. Que coincidência espantosa! Os dois estamos com calor e concordamos que a causa é o verão. Os dois temos o mesmo dentista. É o destino. Você é a mulher que eu esperava todos estes anos. Posso pedir sua mão em noivado?"


Ele: ela está chegando ao fim da revista. Já passou o crime do Sacopã, as fotos de discos voadores... Acabou! Olhou para mim. Tem que ser agora. Digo: "Você está aqui para limpeza de pernas? Digo, de dentes? Ou para algo mais profundo como uma paixão arrebatadora por pobre de mim?"


Ela: e se eu disser alguma coisa? Estou precisando de alguém estável na minha vida. Alguém grisalho. Esta pode ser a minha grande oportunidade. Se ele disser qualquer coisa, eu dou o bote. "Calor, né?" "Eu também te amo!"


Ele: melhor não dizer nada. Um mulherão desses. Quem sou eu? É muita perna pra mim. Se fosse uma só, mas duas! Esquece, rapaz. Pensa na tua cárie que é melhor. Claro que não faz mal dizer qualquer coisinha. Você vem sempre aqui? Gosto do Roberto Carlos? O que serão os buracos negros? Meu Deus, ela vai falar!


- O senhor podia...


- Não! Quero dizer, sim?


- Me alcançar outra revista?


- Ahn... Cigarra ou Revista da Semana?


- Cigarra.


Aqui está.


- Obrigada.


Aí a enfermeira abre a porta e diz:


- O próximo.


E eles nunca mais se vêem.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Não deixem de ler.. é muito bom =)

Diálogo
Luis Fernando Veríssimo


- Oi.- Oi.
- Eu estava te olhando de longe... Você vem sempre aqui?
- Só quando eu estou com vontade de fazer xixi. Quem te deixou entrar no banheiro das mulheres?
- Entrei escondido queria falar com você.
- Não podia esperar eu terminar primeiro?
- É que eu sou muito ansioso... Não é sempre que se encontra a mulher da nossa vida numa festa de formatura.
- Mulher da vida de quem?
- Da minha vida.
- Que espécie de maluco é você?
- O homem da sua vida!
- Como é que é?
- Sou o cara que nasceu pra casar e ter filhos com você.
- Essa é a sua melhor cantada?
- É sério...vamos conversar.
- Quer fazer o favor de fechar essa porta? Eu ainda não terminei.
- Desculpe. Um homem sabe quando avistou a mulher ideal. Geralmente ela é bonita, sexy, tem gostos refinados e inteligência suficiente para ignorar
suas gracinhas. É fina, detesta vulgaridades.
- Me deixa vomitar em paz?
- Achei que você só estivesse apertada.
- O que eu faço no banheiro não é da sua conta..
- Eu me importo com você.
- Socorro, tem um homem aqui dentro.
- Psiuuuuu, não grita, eu só quero saber seu nome.
- Eu tô bêbada demais pra saber meu nome.
- Também estou um pouco tonto, confesso. Viu como a gente combina?
- Sai daqui e fecha essa porta antes que eu te jogue esse balde de lixo na cabeça.
- Algumas pessoas passam a vida toda procurando por um amor perfeito. Alguém que te complete e ajude no que for preciso, faça companhia em todos os momentos.
- Cara, como você é chato.
- Melhorou?
- Não acredito que você me assistiu fazendo aquilo.
- Foi a coisa mais linda que eu já vi.
- Acorda, seu idiota. Eu botei um pão de batata pra fora.
- Eu também adoro pão de batata com tequila.
- Espirrou em você, seu porco.
- Eu não ligo. Seu vômito é o meu vômito.
- O que eu fiz pra merecer um maluco desses atrás de mim?
- Tem coisas que só o destino pode explicar.
- De que planeta você veio? Larga do meu pé, chulé.
- Só você não percebeu que isso tudo não foi por acaso.
- Você me seguiu, eu pedi ajuda, ninguém te tirou do banheiro, eu te dei um banho de bolo de chocolate e cerveja.
- Nosso primeiro encontro...
- Nada disso é um encontro. Sai da minha frente.
- Não posso abandonar a mulher da minha vida.
- Que papo é esse? Deixa-me ver o que colocaram no seu whisky?
- É sério, nunca ouviu falar nisso?
- Whisky com bolinha alucinógena? É claro que sim.
Nunca aceite o copo de um estranho.
- Nós somos o casal ideal. Nascemos um pro outro. Sabe quais são as chances disso acontecer numa festa de formatura? Uma em cada 150 milhões.
- Bem menores do que as chances de eu te dar uma porrada.
- Você não faria isso com seu futuro marido.
- Vamos do começo... Um: eu já tenho namorado.Dois: você não faz meu tipo.
Três: isso não é uma festa de formatura. É a festa de 15 anos da Maria de Fátima.
-O segredo da relação perfeita está na identificação de sua alma gêmea. Geralmente ela é loira, alta e tem um piercing no nariz. Pode também não ser nada disso. Não importa. O grande lance é perceber se essa alma combina com
a sua, tem gostos iguais, beijo bom e, de preferência, um cabelo sem gel. Quer apostar que nós nascemos um pro outro?
- Ridículo... vou ficar com peso na consciência.
- Por que não tenta? Fala uma cor.
- Preto.
- A ausência de todas as cores... A minha preferida também.
- Que bobagem.
- Um filme.
- "101 Dálmatas".
- O mesmo que o meu... Quer prova mais definitiva?
- Eu nunca vi esse filme na minha vida.
- Roubar não vale.
- Que papinho mais furado... Se toca, eu não fui com a sua cara.
- Última chance. Fala uma música.
- Ai que saco... Qualquer uma do Daniel.
- Daniel? Tem certeza?
- Absoluta.
- Então você tem razão... minha mulher ideal não gosta de música sertaneja.
- É mesmo? E que som ela curte?
- Rock, alguma coisa de Jazz... dependendo do dia,MPB.
- O que tem de errado com Leandro e Leonardo, KLB, é o Tchan?
- Nada, só não é mulher pra mim. De qualquer forma, foi um prazer. Todo mundo erra. Quem nunca pensou ter encontrado o grande amor e depois descobriu que ele roncava, tinha caspa e não era muito chegado a banho no inverno? Se fosse fácil não teria graça. O importante é não desanimar, e não foi dessa vez, partir pra outra. Tente declamar seu poema predileto em praça pública e espere alguém completá-lo. Se ninguém se manifestar,saia correndo. Podem ter chamado a polícia.
- Espera.
- O que foi?
- Eu também gosto de MPB. Minha mãe ouve Chico Buarque o dia inteiro.Tecnicamente, se eu estou em casa, também ouço.
- Não sei.... Acho que foi um engano.
- Como você pode saber?
- Olhando bem... você é mais alta do que eu imaginava.
A mulher da minha vida tem 1, 60 de altura.Foi um prazer.
- Espera, eu estou de salto. Olha só... fiquei mais baixa.
- Você não tem nada a ver comigo.
- Tenho sim.
- Que interesse repentino pela minha pessoa... Até um minuto atrás você queria que eu fosse embora.
- Também não sei o que me deu.
- Você tomou do meu whisky, foi isso?
- Não... quer dizer, não lembro.
- Cadê seu namorado?
- Está na minha frente, com uma coisa esquisita na camisa...
- Que nojo... o que mais você comeu, hein?
- Miojo, antes de sair de casa.
- Eu não posso ser seu namorado, você já tem um.
- Eu menti.
- Só pra me dar o fora? Conseguiu. Tchau.
- Volta aqui, meu amor. Pega uma vodka pra mim.
- Sai de perto de mim, sua louca.
- Só saio daqui casada.
- Socorro.
- Achei o homem da minha vida !!!

quarta-feira, 8 de agosto de 2007


PARAÍSO TROPICAL






Trilhas Trilhas Trilhas..
cansei viu..
etá férias bouaaas viu!!!
tanto lugar bunito..
já tinha esquecido deles..
tá ai umas fotos..

essa 1° é a cachoeira Dardanellos.. um pedaço dela pelo menos..


tah ai mais um pedacinho dela.. muito linda!!!


essa 3° é a Cachoeira Andorinhas vista de cima..

pelo mirante..


Aqui é a Cachoeira Andorinhas vista lá de baixo..

depois de umas trilhas..

sauhusahusa

perfeita tb!

Tão ai duas das mais famosas cachoeiras de Aripuanã MT..

ó a propaganda..

Bezo pra quem comentá..

bjo xuxu.. saugsayygasgays


Boa Tardeee...

como estão?

Prometido pro meu Xuxu Maíraaaa..

eu vou postar uma pérola.. antiguissíma!!!

um poema de 2000 e alguma coisa!

usahusahusasahusahsua

mais nao vale ri..

e se ri.. não me conte.. =D


vamo la..

ui vergonha!!!


procurei procurei e procurei..

mais não achei meu caderninhu de poemas!!

;(

triste

mais eu vo posta otra coisa que achei aqui...

*Publicado no Jornal A Notícia (Joinville)

entre 1985 e 1993.


Bilhetinho pro meu Amor 1


Pra viver

eu não preciso

de ti.


Eu preciso

de ti

pra ser feliz.


(Pra viver

eu não preciso

ser feliz...)


Mááááá amo vc xuxu..
saudadeeeeee
e se vc pelo menos não comentar eu te mato (6)
bjo xuxu!!!